Por Marta Pierina Verona | Dra. Carreira
“Há pessoas que têm uma profissão.
E há aquelas que têm um propósito.”
Eu escolhi a segunda opção — mesmo quando a vida parecia não me dar escolha alguma.
As etapas da minha vida foram desenhando o meu futuro, passo a passo, entre perdas, coragem e recomeços.
🌱 Infância: onde tudo começou
Com apenas sete anos, vi meu pai perder o ganha-pão da nossa família.
Ele vendeu o caminhão com o sonho de comprar um melhor — e nunca recebeu.
Minha mãe estava grávida da minha irmã Paula e, no mesmo dia em que a Paula nasceu, minha mãe perdeu o pai, meu avô.
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A luz da nossa casa se apagou por um tempo, mas foi ali que aprendi a olhar pra frente, mesmo sem enxergar tudo com clareza.
Comecei a estudar nessa época, na primeira série, sem mochila e sem uniforme.
Eu não fazia os temas e fui chamada na secretaria — mas isso aconteceu uma única vez, porque aprendi rápido a importância da responsabilidade.
Enquanto as outras crianças brincavam no recreio, eu ajudava a merendeira, a querida Claire, a lavar os pratos da merenda.
No final da aula, varria a sala e ganhava pedaços de giz para brincar.
Lembro dela ouvindo os jogos da Copa do Mundo de 1982, e eu, com uns dez anos, sonhava em ser alguém que fizesse a diferença.
👣 O primeiro trabalho e o despertar
Com 12 anos, fiz minha carteira profissional e, junto com minha prima Edilene, saí para procurar emprego — sem contar pra ninguém.
Consegui!
Fui contratada na Siprana, indústria de calçados, como serviços gerais, passando cola no traseiro dos sapatos.
Pedi à minha mãe uma autorização judicial para trabalhar.
E ali, tão cedo, já percebi:
“Eu não quero ficar aqui pra sempre.”
Via o Departamento Pessoal registrando entradas e saídas e pensava:
“É isso que quero aprender.”
Dois anos depois pedi demissão — antes disso rasguei meu cartão ponto dentro do relógio gente, vejam o tempo úmido gera essa fragilidade e hoje temos o REP A, C e P e percebi como evoluímos! Também já vomitei no chão da fábrica, porque não me deixaram sair para ir ao banheiro, nessa época tínhamos contra-mestre, hoje temos líderes que olham para as pessoas, e me questiono será que todos líderes olham para as pessoas?
Hoje penso: isso já caracterizaria assédio moral, não é?
Perdi meu avô e não pude visitá-lo porque não fui liberada do trabalho.
Mesmo assim, não perdi o foco.
Estudava à noite, ia para a escola a pé, rindo com meus irmãos, amigos(as) e primas.
A escola pública me deu mais do que conhecimento — me deu coragem.
☎️ Elaine me indicou e o destino me ligou: e era a Metadados
Depois disso, trabalhei como balconista e, logo, como telefonista em uma transportadora — a Trevisan, uma das primeiras clientes da Metadados.
Ali, comecei a apurar ponto manualmente e a internalizar folha de pagamento.
Tinha apenas 18 anos.
Lembro de unificar 11 filiais com 286 funcionários, tudo à mão.
E tive a honra de participar da escolha do sistema da empresa — o sistema Metadados, vendido pelo próprio Casarotto.
Sim, em 1990, eu fui cliente dele.
O sistema GP guardava apenas 13 meses de ficha financeira, mas guardou algo muito maior: o início de uma história de propósito e confiança.
“Tu conhece mais do que eu. Pode fazer teu cadastro.” — disse Casarotto.
E assim nasceu a matrícula 66.
Uma palavra que me acompanha desde então: confiança.
Passei por GP, folha DOS, SIRH e FLOW, todas as versões!
🦋 De analista a consultora: vinte anos de propósito
Vieram muitos anos e muitos desafios.
Cheguei à Metadados como analista de suporte.
E como boa italiana, falava alto — e ganhei um bilhete na mesa de uma colega dizendo:
“Fale mais baixo.”
Depois de outro colega
“Talvez você tenha problema auditivo.”
Não era problema. Era paixão.
Barulho de quem acredita no que faz.
O primeiro ano foi difícil. Tive de reaprender tudo.
Quase voltei para o Copase. Recebi proposta de outras empresas como Grendene e fui selecionada na época como Analista de Negócios, cheguei a assinar meu pedido de demissão, mas o Casarotto perguntou:
“Nossa borboleta vai embora?” Borboleta era o logotipo da Metadados!
Eu rasguei o pedido. E fiquei.
Dei muitos treinamentos, cresci e me reencontrei.
Fiz minha graduação e tirei nota dez no TCC, que
foi sobre avaliação de desempenho por competências.
Na época, o próprio Gustavo Casarotto me disse:
“Não faz, é difícil.”
E eu pensei: “Agora é que vou fazer.”
E fiz. Passei com nota máxima.
Mais tarde, concluí minha pós-graduação em Direito
do Trabalho.
Foi um divisor de águas, porque aprendi que as leis são julgadas
conforme o entendimento e a interpretação de cada juiz — e que, no fim
das contas, o juiz só julga o que vê.
Essa frase nunca saiu da minha cabeça. Ela me ensinou sobre empatia, justiça e
sobre a importância de enxergar o todo antes de emitir qualquer julgamento —
dentro e fora do tribunal.
A partir daí, minha carreira ganhou ainda mais propósito.
Passei a ministrar palestras, implantar sistemas e viajar
o Brasil de ponta a ponta, compartilhando conhecimento e experiências com
equipes, gestores e profissionais de diferentes áreas.
Mais de 100 empresas já me ouviram falar sobre eSocial, gestão
de pessoas e liderança com propósito.
Tive a honra de representar a Metadados em
inúmeras lives, Webinares, palestras, de subir ao palco pela ABRH, CICs, Assessoria
Verbo, EB Treinamentos, DP Conectado, Portal Contábeis e
tantos outros eventos que ampliaram minha voz e meu aprendizado.
Além disso, mantenho uma coluna fixa no Portal
Contábeis, chamada “Carreira em Tópicos”, onde compartilho
reflexões sobre carreira, propósito e desenvolvimento humano.
E esse projeto se estendeu também para o formato de áudio: já são mais
de 120 episódios do meu podcast “Carreira em Tópicos”,
disponível em:
🎧 https://www.contabeis.com.br/conteudo/podcasts/carreira-em-topicos
🚀 2018: o ano que mudou tudo
Liderando projetos do eSocial, vivi o impossível: 22 mil XML enviados sem erro, empresa que atendo com amor Beira Rio.
Foi a emoção de quem sabia que estava fazendo história.
Criei roteiros, catálogos, otimizei processos e formulei ideias que hoje fazem parte do Flow.
Na correria, deixei cair a cuia duas vezes — e rimos disso até hoje.
Mas deu certo. O CAD/PAD que usamos até hoje nasceu desse projeto.
Em 2018, em meio a tudo isso, eu disse ao Gustavo Casarotto, chorando:
“A gente também passa por isso…”
Naquele momento, algo em mim mudou.
Criei o meu blog, que hoje tem quase 500 mil visitas, e reencontrei minha identidade.
Descobri quem sou e o que realmente me move.
💔 Entre o caos e a fé
Em 2013, enfrentei um divórcio e recomecei do zero.
Meus filhos escolheram ficar com o pai.
Morei de favor, lavei louça no tanque — e mesmo assim, seguia de salto e com sonhos.
Passei por relacionamentos tóxicos, vulnerabilidade e medo.
Um processo que dura mais de 12 anos.
Mas em 2021, Deus me presenteou com a minha neta Alice, de olhos azuis e alma doce.
Com ela, aprendi o amor que passa de geração em geração.
O amor que cura o que a vida não explica.
Em 2024, perdi minha mãe — meu porto seguro.
✨ Reconhecimento e legado
Fui coautora do livro “Departamento Pessoal – Atualidades”, com o tema A atuação do DP e RH em tempos de crise.
Recebi o Troféu Anita Garibaldi, que me trouxe uma das maiores reflexões da minha trajetória:
“Reconhecimento é diferente de merecimento.”
E escrevi meu livro:
📘 “Justiça em Ruínas – A Reconstrução de uma Vida.”
Porque precisei transformar dor em legado, e legado em esperança.
Hoje sigo no time de Customer Education da Metadados, acreditando que conhecimento só tem valor quando transforma.
💫 A história continua…
Olho pra trás e vejo que não construí apenas uma carreira.
Construí uma história — feita de erros, acertos, lágrimas, alegrias e, acima de tudo, propósito.
Porque o que me impulsionou a nunca desistir dos meus sonhos foi saber que o meu trabalho tem alma.
E onde meu olho brilha, é ali que eu fico.
E se não faz sentido, eu voo.
🦋
Tá tudo bem.
E o que não tá bem, tá bem também.
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