O Ruivo e a Ressurreição da Mulher Selvagem

​Olá,

Gente compartilho a reflexão que fiz sobre o primeiro capítulo do livro Mulheres que correm com os lobos 😍

La Loba, os Quatro Rabinos e o retorno à vida que nos habita

Há momentos na vida em que não estamos mortas — mas também não estamos vivas.

Estamos funcionando. Sobrevivendo. Cumprindo papéis.

E é exatamente nesses momentos que a Mulher Selvagem começa a chamar.

No capítulo “O Ruivo – A Ressurreição da Mulher Selvagem”, do livro Mulheres que Correm com os Lobos, Clarissa Pinkola Estés nos conduz a um dos arquétipos mais profundos do feminino: o retorno da vida instintiva após o apagamento.

Esse não é um capítulo sobre renascimento romântico.

É sobre ressurreição.

O Ruivo: aquilo que não se domestica

O Ruivo simboliza a energia vital crua:

o desejo, a criatividade, a raiva justa, a verdade que pulsa no corpo.

Tudo o que é ruivo, nos contos, costuma ser perseguido, silenciado ou eliminado.

Porque o que é vivo demais assusta sistemas que se sustentam no controle.

Na vida real, o “Ruivo” dentro da mulher costuma ser reprimido cedo:

  • “Não seja intensa”
  • “Não fale alto”
  • “Não queira tanto”
  • “Não sinta demais”

E assim, pouco a pouco, a mulher vai se afastando da sua natureza instintiva para caber, para ser aceita, para sobreviver.

Até que um dia… algo morre por dentro.

La Loba: a mulher que canta sobre os ossos

É aqui que surge La Loba, a Mulher Lobo.

Aquela que caminha pelo deserto recolhendo ossos — especialmente ossos de lobos — símbolos daquilo que foi perdido, esquecido ou fragmentado.

La Loba não revive com pressa.

Ela canta.

Canta até que os ossos se cubram de carne, até que o corpo volte a existir, até que o lobo ressuscite — e, no momento final, o lobo corre livre e se transforma em mulher.

Esse mito nos ensina algo essencial:

A mulher se reconstrói quando honra os restos de si mesma.


Nada do que você viveu é lixo.

Nada do que doeu é inútil.

Nada do que foi quebrado precisa ser negado.

Os ossos contam histórias.

E só quem aceita olhar para eles pode voltar a viver inteira.

Os Quatro Rabinos: quando a alma retorna com sabedoria

No mesmo movimento simbólico, surgem os Quatro Rabinos, que representam estágios de consciência diante do sagrado e do desconhecido.

Nem todos que acessam o profundo retornam.

Alguns enlouquecem.

Outros se perdem no ego.

Poucos conseguem voltar inteiros.

Essa passagem é um alerta:

Não basta despertar. É preciso integrar.


Ressuscitar a Mulher Selvagem não é romper com o mundo, mas habitar o mundo sem se abandonar.

É saber quando avançar.

Quando silenciar.

Quando agir.

Quando esperar.

Sabedoria não é intensidade sem direção.

É intensidade com consciência.

A ressurreição não é voltar a ser quem você era

Um ponto crucial desse capítulo é entender que ressuscitar não é retornar ao passado.

A Mulher Selvagem que volta:

  • volta mais lúcida
  • mais seletiva
  • mais inteira
  • menos disponível para migalhas

Ela não pede mais permissão para existir.

Ela não negocia a própria alma para ser aceita.

Ela não se explica para quem nunca quis entender.

Ela vive.

Quando esse mito encontra a vida real

Na prática, esse capítulo fala com mulheres que:

  • passaram por perdas profundas
  • foram silenciadas emocionalmente
  • tiveram sua identidade fragmentada
  • sobreviveram a relações, sistemas ou contextos que as esvaziaram

A ressurreição acontece quando a mulher:

✔️ reconhece o que perdeu

✔️ honra sua dor sem se definir por ela

✔️ resgata sua voz

✔️ assume sua verdade

✔️ escolhe viver com presença

Não é um evento.

É um processo.

Ressuscitar é um ato espiritual e prático

A Mulher Selvagem ressuscitada:

  • sente, mas não se afoga
  • ama, mas não se abandona
  • serve, mas não se anula
  • caminha no mundo com os pés no chão e a alma desperta

Esse capítulo nos lembra que o feminino instintivo não morre.

Ele pode ser soterrado, silenciado, adormecido — mas sempre responde ao chamado.

E quando responde, nada volta a ser como antes.

Ressuscitar é escolher a vida que te escolhe de volta.

Com carinho,

Marta Verona 


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